sexta-feira, janeiro 07, 2011

Esses Equipamentos Maravilhosos.. by Fábio Bill

O autor do artigo: Fábio Bill

O Fonógrafo de Edison - onde tudo começou

Em 1977 veio a patente, o marco histórico. Eis que Thomas Alva Edison inventou um aparato que podia reistrar sons e reproduzílos posteriormente.
embora Édouard-Léon Scott de Martinville tenha patenteado um sistema muito parecido, ainda em 1857, seu sistema não era capaz de reproduzir os registros gerados. Foi aí que o invento foi creditado a Edison.
Seu primeiro aparato era de simplicidade genial. Um cone metálico acoplado a uma agulha qu passava por um cilindro girado por um sistema de manivela. Conforme o som era captado pelo cone, a agulha vibrava seguindo as vibrações do ar. Isto criava no cilindro "morros e cales" que eram então, uma orrespondência mais ou menos exata do som captado.
Ao voltar a agulha para a posição inicial de gravação e fazendo novamente girar o cilindro, os tais "morros e vales" lapidados no cilindro faziam então a agulha vibrar e esta por sua vez, o cone nela acoplado e reproduzindo o som gravado.
O cilindro usado inicialmente era metálico, o que não permitia grande volume de som e quase nenhuma fidelidade sonora.
Claro, por ser material relativamente duro, a agulha tinha dificuldade, com duas delicadas vibrações, em deformar o material em correspondência com o som.
No vídeo a seguir, uma demonstração de uma réplica exata do fonógrafo de Edison, tal e qual o patenteado em 1877.




O Grito "Primordial" - Fonógrafo de 1877


Temos o invento... como ganhar dinheiro?


Com aperfeiçoamentos na tecnologia, principalmente pelo advento de uso de cera no cilindro e não mais metal, o aparato já se tornaria interessante. Porém, os cilindros eram difíceis de copiar.
Nos "estúdios" de gravação primitivos, se gravava um cilindr por vez e a música repetida quantas vezes fosse possível, para se ter mais cilindros à venda.
Mais tarde conseguiram usar varos gravadores ao mesmo tempo, sendo que cada "tocada" gerava pouco mais de uma dezena de cilindros.
Chegou-se a inventar também um sistema de cópia pantográfica para cilindros, mas a perda de qualidade sonora era tão grande que pouco foi usado. Logo, cada cilindro é uma gravação única, ao vivo original.
Para gerar receita, inventaram um fonógrafo "pré-pago". Inseria uma moeda, o próprio usuário dava corda no motor, e então podia ouvir uma música.
Esse precursor das Jukeboxes é demonstrado no vídeo que segue:



Querem ver como era gravado o som nos cilindros?

Nesse vídeo é mostrado a gravação de som, a corneta norme de captação e depois o som gravado restaurado e sincronizado com o filme.


 
Você gosta de discos? Agradeça a Emile Berliner


Os cilindros quase não permitiam cópias. Eis que surgiu a idéia: gravar em disco. Em 1887 Emile Berliner patenteou a idéia e lançou-a no mercado. Era o Gramophone.
Seguia o mesmo princípio e método dos cilindros, mas com uma diferença: enquanto os cilindros eram de corte vertical, ou seja, a agulha lia "morros e vales", o disco de Berliner era gravado com ranhuras laterais ao sulco.
Qual a vantagem? - você perguntaria.
Simples: a ponta da agulha era apoiada do fundo do sulco enquanto lia a gravação nas laterais e isso diminuía tremedamente o desgaste da mídia.
Porém o cabeçote de leitura era algo mais complexo e demorou muito para atingir o mesmo volume de som dos obtidos dos tocadores de cilindros.
Mas isso era mero detalhe: os discos permitiam muitas cópias, pelo método de prensagem - que utilizado até hoje.
Um primeiro disco gravado recebia um material para realizar um molde, e esse molde era "carimbado" nos discos virgens, via prensa.
Desnecessário dizer que isso barateou e muito o preço de cada disco, em relação aos cilindros.
Os primeiros aparelhos eram à manivela e mais pareciam um brinquedo.
Depois de aperfeiçoamentos, recebeu motor à corda e foi a real popularização do som gravado. Esse tipo foi produzido e distribuído pela Victor. Lembram do logotipo do cão e do cachorrinho da RCA VICTOR?

Pois então, é esse gramofone aqui, o Victor Type A



P.S.: Os cilindros permaneceram contemporâneos ao disco, portanto não se surpreendam se falarmos dos dois, ao mesmo tempo, por enquanto.
 
Discos começam da borda para o centro, certo?

Nem sempre foi assim. Os discos franceses Pathè produzidos entre 1905 e 1915 tinham espiral invertida. Parecia bem lógico, até. Poderia facilitar automatismo, creio eu.




A busca pelo melhor som: Som estéreo em 1898???


Eis aqui o Edison Polyphone, um sistema que podia ser adaptado ou adquirido como fonógrafo completo
Consistia sistema de duas agulhas e suas respectivas reprodutoras e cornetas que trilhavam o mesmo sulco do cilindro, sendo que a segunda agulha a uma fração de segundo atrasada em relação a primeira.
Prometia som com o dobro de volume [evidente o porquê] e resultado muito mais musical e agradável. Na verdade, o efeito que se conseguia era de éco, mas se ouvisse em frente ao aparelho daria sim [segundo relatos] uma certa sensação estereofônica.
Quem daqui já mexeu com tapes de rolo de pelo menos três cabeças para efeito de éco, saiba que sua ideia surgiu em 1898! =]
Foi patenteado e posto em produção em 1898 e se tornou obsoleto já em 1902, quando já se conseguia gravar cilindros com som bem mais alto.
O grande problema do sistema era justamente manter ajustadas as duas agulhas e talvez por isso muito poucos aparelhos desse tipo tenham sobrevivido até os dias de hoje.
Agulhas fora de ajuste soavam nada musicais e isso sem contar o problema causado pelo desgaste em dobro do cilindro...
Imaginaram quanta gente ao adquirir cilindros de 1902 em diante, com som mais alto já na gravação, perderam a paciência e arrancaram a segunda agulha e corneta?



Pensam que o design do altofalante é novo?


Da mesma empresa que fazia os discos invertidos, a Pathè, seu "Diffuser", um difusor sonoro com design que muito provavelmente inspirou o dos altofalantes, muitos anos depois.
As cornetas necessárias para se repoduzir sons mais graves teriam que ser simplesmente enormes. Então, eles "bolaram" isso aqui:



Som bom de equipo mecânico? Sim!


O design dos Pathè e seus cones - estavam muito à frente de seu tempo. Esse desenho só seria tornado eficiente com o advento do alto-falante dinâmico contemporâneo.
Mesmo os primeiros altofalantes funcionavam à mesma maneira de um gramofone, com diafragma pequeno e amplificado por uma corneta. Mas disso falaremos mais tarde.
Acontece que os equipos de corneta chegaram a tal ponto de eficiência mecânica - e sonora - que deixou esquecido o design em cone por muitos anos. Esse vídeo dá prá entender o porquê:



Aumenta o volume!


A criatividade de nossos antepassados já era impressionante.
Mesmo sem energia elétrica, com o uso exclusivamente de artifícios mecânicos, conseguiram amplificar o som.
O primeiro a fazê-lo, foi um equipamento a cilindros. Já que estavam perdendo terreno para os discos...
A Columbia, grande concorrente da RCA e seus discos, projetou e lançou em 1905 um sistema que amplificava a fricção.
A agulha lia o sulco, passando sua outra extremidade por uma correia giratória e essa por outra agulha, acoplada a um diafragma reprodutor bem maior que o normal. Este então alongado por uma corneta enorme.
Isso tudo é o que resultava em som bem mais alto que um fonógrafo normal.



Aumenta mais!


Em 1906, não havia memhum aparato eletrônico para poder amplificar o som de um aparelho mecânico a discos, que tinha volume limitado. Mas já havia energia elétrica e motores elétricos...
Então surgiu o Victor Auxetophone. O sistema de amplificação funcionava por ar comprimido, literalmente.
Havia uma bomba que comprimia o ar e esse ar era modulado pelo diafragma do sistema mecânico, o que aumentava assustadoramente seu volume.
Era usado em grandes salões , coretos... Só prá dar ideia do volume que era capaz.
Chegou a ser usado em conjunto com bandas locais, ao vivo, que acompanhavam a voz de uma cantor famoso qualquer, gravada no disco. Precursor do playback!! =]
O motor elétrico nos primeiros modelos girava só a bomba e em modelos posteriores girava tanto o prato como a bomba de ar.
O interessante é que em todos modelos a bomba podia , por um botão, ser desligada e isso fazia o aparelho soar como um gramofone comum.
Nos modelos com motor do prato à corda, podia ser usado mesmo sem energia elétrica, como já dito, soando como gramofone comum.
Custava no lançamento nada menos que 500 dólares! Tremenda fortuna, para a época. isso é bem acima de 12 mil doletas de hoje, considerando apenas a inflação do período.



Troca o disco!


Já temos som melhor e som mais alto, Mas cada disco ou cilindro armazenava poucos minutos de musica. Quem vai trocar os discos?
Havia [e há] quem adorasse isso, mas convenhamos: é bom poder ouvir mais que cinco minutos sem levantar da poltrona, certo?
Pois então, eis que a Victor - pioneira, de novo - lançou no mercado o primeiro troca-discos do mundo. Era a Victrola 10-50. E não é que até hoje chamamos toca-discos também como vitrola?
Foi lançado em 1927 a 600 dólares da época.
Usava motor elétrico para o prato e para o mecanismo de troca de discos, mas o som era mecânico e sem amplificação. Isso porque o som da antiga Auxetophone era alto, tão alto que não se podia usar em casa - e ela não tinha controle de volume.
O móvel, como é de se esperar, era enorme. Isso permitia o uso de uma corneta bem grande e portanto o som resultante era bem agradável, para a época. Confiram:



E ainda evoluiu...

O segundo modelo trocava discos de 10 ou 12 polegadas.



Quem traz a vitrolinha??


Já temos som amplificado, já temos som bom, já trocamos discos automaticamente.
"-Doutor, tem prá viagem?"
Ô se tem! A gente bota o motor dentro de uma maleta, embute a corneta e a coisa ta feita!
Esse exemplar é de minha coleção é é do fim dos anos 1940. Serve bem como exemplo, já que o design não mudou desde os anos 1920 :



Aumenta o som! Não, diminui um pouco!


Amplificação à válvulas. Primeiros alto-falantes
Não falei que ia voltar às cornetas? Pois bem...
Quando surgiu então, finalmente, as válvulas, o primeiro tipo de alto-falantes se assemelhava e muito ao sistema passivo utiizado pelos gramofones e fonógrafos.
Havia uma membrana metálica feita vibrar por uma bobina e o som, "amplificado" e "espalhado" por uma corneta.
Quem é do ramo da eletrõnica, pode já ter experimentado fazer um alto-falante artesanal seguindo esse mesmo princípio primitivo.
Nesse equipo de 1925 no vídeo é acoplado a um rádio e que deu origem aos primeiros tocadiscos amplificados eletronicamente. Serve para ilustrar como esse altofalante funcionava.
Qual a grande vantagem desse tipo de amplificação?
A princípio, nem a fidelidade e nem o volume máximo. Era a possibilidade de controlar o volume no nível desejado, quando desejado em infinitas variações.
O equipo a seguir mostra um rádio acoplado a um falante amplificado. Podia ser ligado a um tocadiscos ou mesmo a um fonógrafo de cilindros com captação elétrica.



Como é que ligo fonógrafo nisso aí?


Bem, aparelhos do tipo add-on são muito antigos, podem crer. Aqui, um vídeo de fonógrafo de Edison, elétrico, com captador elétrico, que podia ser acoplado a um falante amplificado a corneta, como esse aí de cima.
Ou plugado a outro sistema qualquer, como é o caso desta demonstração, ligado a um receiver dos anos 80. Isso mostra a validade de um conceito que ainda resiste até hoje!



Mas num dá prá juntar tudo?


Dá sim, e num movel só!
O alto-falante de corneta, um rádio, um aplificador e um toca-discos. Tudo bem que demonstramos com cilindro o "reprodutor elétrico", mas vale lembrar que os cilindros e os discos foram contemporâneos e o que prevaleceu, como sabemos é o disco.
Pois bem, juntando duto, temos o primeiro combinado rádio-vitrola, radiola, "dois-em-um" ou como preferir chamar. É uma Brunswick de 1926, meus caros!
No vídeo, mostrado apenas o toca-discos em funcionamento. Notar que o controle de volume fica junto ao próprio tocadiscos, comum na época. Os toca-discos acopláveis à rádios tinham seu próprio controle, já que nos rádios antigos o controle de volume não atuava na entrada fono.
A idéia era simples: você colocava o rádio no volume mínimo, para emudecer o som das estações ou ruídos e controlava o volume do disco pelo controle próprio do tocadiscos!
Esse primeiro combinado, então, nada mais era que sistemas já existentes montados num mesmo movel, para maior praticidade. Achavam que os "systems" eram ideia nova? =]



Mas... Cadê o som do contrabaixo?


Não demorou muito para perceberem que o falante de corneta não teria vida longa. Bastaria olharem para trás e se inspirar nos Pathè franceses, que já tinham modelos de gramofones a usar cones no sistema mecânico - e esses tinham som já algo superior aos cornetões, embora com menos volume.
Pois bem, aqui um vídeo a mostrar apenas - não a tocar - um falante de cone, talvez um dos primeiros, fabricado em 1928.
Usa o mesmíssimo princípio dos falantes modernos, mas com uma exceção: Não usava ímã. Usava, isso sim, um eletroímã.
Desse falante saíam quatro fios, sendo dois deles para energizar a bonina do eletroímã e outros dois para a bonina do cone, como os falantes de hoje.
Esse sistema de falantes eletrodinâmicos [sem ímã permanente] perdurou até os anos 1950. A bobina do eletroímã era aproveitada como espécie de filtro anti-zumbido.
Claro que, com tamanho menor, permitia som bem melhor. E agora, com alguma resposta em graves!


 
Vamos para o bar?


Garçon! Cerveja por favor! E tome esta moeda e coloque música para nós!
Imaginou a cena em 1928? =]
Uma moeda e música na hora. Já temos tudo o que precisamos: Troca-discos, eletricidade, amplificaçao eletrônica e o altofalante.
Esse espetacular Capehart Orchestrope tocava ao inserir moedas. Só não dava pra escolher a música, tocava discos em sequencia pré-definida.


 
Papo de bar: A grana tá curta...


E não é que o altofalante, além de miniaturizar, melhorar o som ainda o tornou mais barato?
Ainda nos anos de depressão após a quebra da bolsa de 1929 lançaram esse combinado rádio-fonógrafo aqui. Um barato! E era mesmo [relativamente] barato...



Mas eu já tenho um rádio! Quero só a vitrola!


Sem problemas! Os add-on cotinuaram fortes e na ativa!
Mostro aqui como era essa coisa de ligar tocadiscos em rádios. Você poderia comprar um tocadiscos e acoplar ao seu receptor pré existente. Era uma forma bastante econômica de se ouvir discos.
Como já disse antes, relembrando: os toca-discos acopláveis à rádios tinham seu próprio controle, já que nos rádios antigos o botão de volume não atuava na entrada fono.



Mas eu queria mesmo...

...Era deitar no sofá e ouvir música por horas!
Ok! Já estamos em 1931! A RCA Victor [sempre ela...] bolou o disco em 33 RPM! Até trinta minutos por disco. Junte um sistema de troca-discos e pronto! Música por horas!
E você aí pensava que o LP tinha surgido em 1948, não? Fale aí! =]
Como sucesso comercial, pode ser. E como disco de vinil, também. Esses primeiros usavam o mesmo material duro e quebrável dos dicos de 78 RPM.
Mais uma curiosidade: Quando é que você pensa que os "picture discs" surgiram?
Essa maravilha de aparelho é de 1934, olhe só!
A idéia era simples: você colocava o rádio no volume mínimo, para emudecer o som das estações ou ruídos e controlava o volume do disco pelo controle próprio do tocadiscos.



Agora... vai lá virar o disco!

Eu não, meu aparelho faz isso sozinho!
Esse era o Capehart Record Changer. Já nos fins doa anos 30, bolaram sistema que não só trocava os discos, mas também os virava! Só não girava em 33RPM

 
 
Virada à Inglesa!


Pois é, os ingleses ficaram doidos a fazer algo para concorrer com o estadunidense Capehart.
Adivinhe aí quem conseguiu? A Garrard! Sim, a lendária fábrica de troca-discos inglesa!
Esse tem estória muito interessante. É um modelo fabricado em 1938. Acontece que muitos, mas muito poucos sobreviveram, pois a embarcação que transportava quase toda produção foi afundada no início da segunda grande guerra mundial.



Comprei um belo radião...


...e sem tocadiscos. Queria plugar um, mas eu odeio aqueles fios e...
Ei, peraí! Temos tocadiscos wireless! Lhe soa moderno esse termo?
Moderno nem um pouco, estamos em 1941, my friend!
Pois a Philco tinha seu modelo de tocadiscos add-on sem fio!
Podia ser usado em rádios com ou sem entrada fono e o que é melhor, ser ouvido em mais de um rádio ao mesmo tempo!
Internamente tinha um transmissor de rádio AM e sua frequencia podia ser sintonizada e ouvida em qualquer rádio, como fosse uma radiodifusora.
Três detalhes interessantes:
-Picture discs não são nada modernos, já disse antes =]
-Ligação sem fio, também não!
-Notar o braço: era padrão da época. O desse vídeo, é um Philco e o da vitrola minha, que mostrei antes tocando Aquarela do Brasil, uma Eltron brasileira. E o braço era o mesmo!


Me empresta o picture disc? Quero mostrar para...

-Ah, não! Esse eu não empresto! Mas um dia talvez eu leve para sua casa...
-Ótimo! Exclama o amigo. -Leve lá que eu gravo!
-O que? Gravar? Como assim? - indaga o dono do disco
Bom, a surpresa do dono do picture disc só se dá por que ainda não saímos dos anos 1940 =]
Foi desenvolvido um sistema que usava fio de aço para gravar sons, gravação magnética.
Aos que conhecem fitas magnéticas, sejam Cassetes, videocassetes ou coisa assim, isso é bastante familiar.
Pois que o sistema a primeiro se popularizar usava o mesmíssimo princípio, só que a mídia era ... Aco mesmo! Imagine uma corda "mizinha" de guitarra... Agora um carretel desse fio aí...
Aqui, uma demonstração de um som gravado já em 1952, mas diga-se, o aparelho é dos aos 40!

Notar que o prato do toca-discos que é o que impulsiona a mídia. E podia gravar do disco para o fio.

O aparelho em questão, é um toca-discos apenas em 78 RPM


E tem como gravar em disco?

Tem sim senhor! A RCA tinha seu console combinado rádio-fono-gravador.
Gravava e reproduzia discos. Aqui, exceção, sem vídeo. Até porque ela é muito parecida com a RCA de 1934, que tocava discos em 33 RPM.



Ah, os LP´s!


Eis que nossos "queridos" LPs em 33 RPM surgem. Começaram como bolachas de 10 polegadas de diâmetro até chegarem às 12´´
Aqui, um belo exemplo de aparelho desses primórdios




Não gosto de todas músicas do LP e...

Tudo bem. Quase concomitante ao lançamento do LP, surgiram os econômicos discos em 45 RPM, lançados, mais uma vez, pela RCA Victor.
7 Polegadas de diâmetro e furo grande no meio. O motivo do tamanho é óbvio: Permitir uma ou duas músicas por lado.
Esses com suas músicas por lado, eram conhecidos também como EP - de "Extended Play" - para situar entre os de uma só música [singles] e os discos LP [Long Playing] em 33 RPM.
Já já explico o porquê do tamanho do furo central...
Mas enfim, os 45 RPM permitiam qualidade de som parecida com a dos LPs a custo bem mais baixo.
Foi tão popular que a RCA lançou até suas Victrolas exclusivas e bastante baratas para esse formato. A primeira delas, é essa aqui:



Põe uma moeda na Jukebox!

Pois então... e não é que o furo grande no meio ajudava o sistema mecânico das jukeboxes? Não precisava ser tão preciso no "pouso" ao prato. O pino central cônico já punha o disco em seu lugar.
E claro, já se podia escolher a música que se queria ouvir.
Essa Wurlitzer é um modelo reedição, mas que funciona da mesma forma que as clássicas. E é linda demais!



E os 45 RPM tem tudo a ver com...

...Rock and Roll!
45 RPMs desse estilo eram tão comuns que parecem até que foram inventados para ele.
Era colocar uma pilha desses em uma radiola e a festa estava armada!
Essa do vídeo, é parte de minha coleção. Uma Standard Electric de 1957 tocando um disquinho dos Everly Brothers, original de época, gravadora Cadence.


 
Crush in Hi-Fi!


Eis que surge a era da alta-fidelidade em som!
ô frase prá ter mil e uma interpretações... Crush in Hi-Fi!
Você pode traduzir como paquera em som de alta fidelidade.
Se você for um moleque dos anos 50 , lembrar da Crush, o refrigerante de laranja da época. E se recordar das fetinhas regadas à "Sukita antiga".
Ou mesmo daquele drink "primo" da cuba-libre, só que feito com refrigerante de laranja...
Aqui, um exemplo de que você não precisava ter um aparelhão de móvel para curtir bom som.
Havia até portáteis com a abreviatura do tal "High-Fidelity". Um certo exagero, mas vá lá, o som já era bom mesmo.
Esse aparelho é um Dynavox, norte-americano, de 1955 de minha coleção.
Peço permissão para desvirtuar um pouco e mostrar gravação moderna, para demonstrar a qualidade de som que um aparelho desses funcionando a pleno é capaz de proporcionar.
Mas, se você preferir não perder o "clima" anos 50, vai também um vídeo dela tocando mais uma do Everly Brothers em 45 RPM =]





Mas eu não tenho tanta grana assim e...


Bem Brasil essa frase, não? Pois nos anos 50 então... Aqui nessa época o que reinavam mesmo ainda eram os 78 RPM e os valvulados não Hi-Fi.
Os menos abonados estavam ouvindo seu Rock sim, mas num aparelho todo manual, nada de trocadiscos, ou então num brinquedo desses como o que vou mostrar.
É uma brasileiríssima Standard Eletrica portátil, de minha coleção também.
Sua mecânica, como podem notar, é a mesma da americana Dynavox - e da radiola que já mostrei.
Era projetada pela Voice of Music, ou V-M, norte americana.
Eessa empresa fornecia trocadiscos para terceiros também, como o caso da Dynavox.
Só que, para orgulho tupiniquim, a Standard Eletrica passou a fabricar por aqui mesmo, sob licença. Tudo isso numa época onde as importações eram permitidas!
Aí vai, um Elvis Presley em 78 RPM


 
Te desejo tudo em dobro!


E portanto, som estéreofônico!
Já tínhamos tudo: Potência, qualidade de som, gravações de longa duração. Faltava o que?
Bom, até então o som saía de uma só caixa, aglutinando todos os intrumentos em uma só posição no ambiente.
Se ressentia simular a posição real dos músicos no palco. Sistemas de reprodução duplos vieram para dar a ilusão de distribuição espacial do som, como numa apresentação ao vivo.
Nos anos 30 já haviam tentado e até obtido relativo sucesso com esse sistema, mas na era pré hi-fi, o que não significou muito.
Agora, temos o Hi-Fi mais som estéreo. É o som que se ouve até os dias de hoje!
Bem, voltemos a 1958 e vamos ver a RCA [já tô virando fã] em seu vídeo demonstração do seu "Living Stereo". Pena estar em mono no Youtube. Porém, eles explicam até como a "coisa" funciona nos discos. Portanto, interessantíssimo!



Mas que sonzão, viu?

É, meu caro. A era dos grandes móveis finamente acabados ainda reinava. Mas agora o som era tão belo quanto o próprio aparelho. Coisa prá se ver e ouvir!
Este Curthiss Mathis de 1959 é um exemplo da "nata" desses tempos. O disco não corresponde à época, mas tudo bem, acho que não vamos nos importar, vamos?
nteressante é que ele mostra em ação até oho mágico, uma válvula que servia para ajudar a sintonizar o rádio, no ponto onde a estação mostrasse o máximo de sinal. Coisa mais linda!



Suddenly, it's 60!


Esse era o slogan do Plymouth Belvedere, carro de 1957 que resumia o pensamento progressista desses anos. Nem é preciso falar muito a respeito, não? =]
Mas enfim, no Brasil a Standard Eletrica já perdia bastante terreno para a Philips como marca de renome - e que fabricava por aqui mesmo. Tinha tmbém a Taterka Linear qe produzia consoles incríveis, mas não achei vídeos dela.
Então, um exemplo da Philips tupiniquim, de 1962.
Crédito desse vídeo ao Rodrigo, que aproveita e mostra também sua Tv Standard Eletrica de 1957, como bônus!



Por falar em TV ...


Pausa prá curtir os Beatles em uma TV dos anos 60, marca Teleotto. A Philips depois absorveu a Teleotto. Botei essa TV a funcionar há pouco tempo.



E ainda dá prá gravar!

Mesmo nos anos 50, existiam gravadores de fita em rolo. Mas esses ainda não eram populares como meio de gravar música, sua fidelidade era sofrível, ainda.
Mas já surgiam nos anos 60 móveis 3 em 1! Tocadiscos, mais rádio mais gravador em rolo. E de alta fidelidade!
Aqui vai um exemplo. O vídeo é longo, então, se quiser ir direto ao assunto, pule logo para a metade =]



E nas festinhas...

Não era todo mundo que tinha um console desses em casa. A cena era comum: quem era chique e tinha uma portátil estéreo levava prá tocar e outro, levava os discos! =]
Sendo assim, o equipamento poderia ser um desses dois aqui, respectivamente, um de 1964 e outro de 1968, ambos Philips de minha coleção





Festinha em mono?


Tinha sim. E alguns modelos davam som até melhor que essas estéreo aí, apesar de.
A Sonata, de Campinas, era uma fábrica que produzia aparelhos muito simpáticos. E , já neeses fins de anos 60 e na era dos transistorizados, lançou o modelo Rio. Um barato, uma nova bossa.
Era um tocadiscos que ia guardado dentro da sua própria caixa de som.
E sim, a caixa acústica de verdade dava um belo sonzão, alto e claro.



Ah sim, você pai dono de um Hi-fi ia deixar a molecada meter o bedelho? Vitrolinha neles!

E o que há de espetacular numa vitrolinha?
Depende do ponto de vista.
Se parar prá pensar que um portátil comum dos anos 60 pesava bem mais do que uma criança seria capaz de carregar, a compacidade e leveza das transistorizadas era um grande barato.
Essa Philips remonta aos fins dos 60 e já início dos 70.
E o fato de funcionar à pilhas era perfeito para a natural inquietude das crianças, que por certo iriam querer trocar ela de lugar a toda hora.
E olha que essas pilhas conseguiam durar bem, até.
Fora o caráter educativo: Se se comportar, ganhará pillhas novas hehehe
E se passar de ano, ganha um eliminador de pilhas! [eu passei por isso kkkk]



Já nos anos 50, a gravação em fita de rolo começava a ganhar terreno. Mas seus aparelhos eram verdadeiros trambolhões e muito caros. Mas eis que a RCA tentou dar um jeito nisso...

Produziu um aparelho em cartucho, ainda em 1958, para facilitar as coisas.
Quem conhece fita cassete, vai parecer bastante familiar!


 
Mas, no fim, deu rolo...


O formato cartucho da RCA não pegou. Há mutas razões para tanto, principalmente porque surgiu uma tal empresa italiana que passoua fabricar aparelhos gravadores simpáticos e baratos. E, claro, a fita produzida em larga escala, era mais barata.
Eram aparelhinhos feitos para gravar voz, mas que podia bem tocar música, se tivesse como acoplar uma fonte de música nele ou até, como relatos de época, botar o microfone na frente do rádio e gravar!
O som não era grande coisa, nada de Hi-Fi. Mas podem crer que tinha jeio sim de obter bom som desses tais Geloso.
Aqui, um exemplo de um Geloso, de 1964 [data de fabricação denro do aparelho] dos primeiros transistorizados. Tocando música moderna, claro. Acervo de família, pertence a mim e foi posto a funcionar recentemente


 
*Fábio Bill é restaurador, colecinador de aparelhos antigos e sobretudo grande amigo (entre dezenas de outros predicados)..
Ahh.. também é dono da Comunidade Toca-discos sem Frescuras.. no Orkut.

4 comentários:

Anônimo disse...

Análise prazeroza aqui, post deste modo dão brilho ao indivíduo que observar neste sítio !!!
Dá mais deste sítio, a todos os teus seguidores.

Huguinhu K.. disse...

Muito obrigado amigo!! Fico contente que tenha gostado de nos visitar!!

Anônimo disse...

lançamentos elaboro aparceirado meias mova ficava abraçou rodovia confundir reduzidos

Felipe Cola disse...

Olá, Fábio! Parabéns pelo post e pelo blog! A propósito, vc, que gosta de aparelhos antigos, ainda não faz parte do grupo de e-mails Som Três? Convido-o a entrar na nossa lista:
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/somtres/
Abraços,
Felipe Cola.